Sinopse:
1A
(UMA) investiga na cena a multiplicação de
personagens estereotipados, através de um jogo que oscila entre a
presença “ao vivo” da atriz com sua imagem projetada em tela. Jogo que
também oscila entre o movimento figurativo e o movimento abstrato, entre
a conservação e a superação de personagens. Têm-se, assim, um labirinto
de identidades que questionam uma noção de sujeito como um ser dotado
de uma subjetividade anterior e separada da linguagem.
Trailler
Histórico
A obra fotográfica da artista plástica americana Cindy Sherman representa o ponto de partida para a investigação poética de 1A (Uma). Do estudo da teatralidade nos auto-retratos de Sherman, tema da dissertação de mestrado de Monica Siedler, iniciou-se a parceria com o artista plástico Roberto Freitas.
Usando-se como objeto se suas performances, Sherman ganhou notoriedade
com sua série de fotografias Untitled Film Stills (1977-1980), no qual
se auto-fotografa com identidades diferentes, agindo em lugares e
situações diversas. Tendo como fonte primária o cinema, Sherman
projeta-se através de estereótipos femininos veiculados pelos filmes
clássicos hollywoodianos, pelos filmes noir, B- movies e cinema europeu.
Numa foto ela é uma grande atriz do cinema francês dos anos 50, na
outra uma dona de casa, mulher sedutora, esportista, sofredora; todas
personagens montadas por roupas, perucas, maquiagem e atitudes que as
diferenciam umas das outras e mantém o “eu” da artista oculto.
Tais figuras femininas são construídas como consciência (ou efeito) do
olhar do outro, e por isso são muitas vezes desprovias de
interioridade. Nesse caso, a identidade feminina é apresentada como uma
máscara social fruto da interação do indivíduo e as pessoas que a
cercam. Trata-se de uma crítica de Sherman à maneira como a mulher é
representada pelos meios de comunicação.
Mas as fotografias também revelam o jogo lúdico, quase infantil, do
prazer de se mascarar e viver identidades infinitas que se entrecruzam,
se negam, se anulam e definham até revelar a pele por baixo de tanta
maquiagem e roupa, ressurgindo de novo em novas identidades, que
transitam entre o ser e o não ser.
Essas e outras reflexões levantadas a partir da pesquisa bibliográfica
acerca da obra de Sherman e da teatralidade presente em suas
fotografias, criaram a vontade de experimentar nas artes cênicas modos
de trabalhar essas questões no palco.
Uma bolsa de pesquisa de 5 meses concedida à Monica no primeiro
semestre de 2007, pelo projeto Série Mergulho no Palco (cordenação geral
de Zilá Muniz), para criação de um solo, possibilitou a parceria
artística entre Monica e Roberto, viabilizando a montagem de 1A (Uma).
O espetáculo estreou em julho de 2007, no Teatro Ademir Rosa (CIC), em Florianópolis.
Fotos:
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